quantas vezes no silêncio
do repouso dos corpos
oiço o hino do amor
diluindo-se nas linhas das silhuetas esbatidas pela noite
no esconderijo do sonho
afago-te o rosto
repousas a cabeça no meu peito
a tua mão no meu coração
a minha mão na tua
as ténues fronteiras entre a carne e o pensamento
como um beijo que se sente na boca
sem haver toque
como se sente a terra
no cheiro da terra molhada
envolta em neblinas subtis
que me sopram um desejo furtivo
um desejo ladrão
que te rouba a respiração
as almas encontram-se
sem vergonha na nudez
na pele encontramos a nossa casa, finalmente
o descanso, o aconchego
o afago do tempo
entregamo-nos à corrente do momento
e a electricidade fica a pairar
esvoaça pelo ar o pó de relâmpagos que quiserem ficar
na teia dos nossos pensamentos.
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