terça-feira, 29 de junho de 2010

ao som de gaitas-de-foles

eu tenho de te deixar partir para a tua viagem
pois eu não posso ser as tuas velas

mas não fiques triste com o meu choro
pois as lágrimas que choro por ti
são a minha oração eterna
que façam parte da corrente que te leva
mesmo que depois se dilua no mar

pois até morrer
poderei sempre recordar
o refúgio que foste
e que será a tua memória
em mim
como um hino cantado pelos contornos de montanhas
companheiras do tempo
elas sabem que também isto é perfeito

eu já te sonhava
antes de te conhecer

e agora que partes
regressas a casa

tal como eu regressei a casa
quando te encontrei

que sintas o meu abraço
quando fores

como eu sentirei o ritmo da vida
nos teus passos

que Deus me leve a ascender através da tempestade
e que me deixe ficar inconsciente acima das nuvens
levitando, até eu conseguir regressar
a um mundo onde não estás

que eu tenha direito a um último sonho
uma última fantasia
onde nasçam frutos das nossas mãos que se tocam
onde caiam pétalas da nossa pele que se entrega
onde eu te consiga dizer
tudo aquilo que nunca pude
onde cada lágrima seja mais um momento de compreensão
onde os rios das nossas almas
sejam apenas um
nascendo na mesma nascente
respirando na mesma corrente
morrendo no mesmo poente

até ao sonho...minha vida.

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